Quem nunca passou por um período de estresse intenso e, logo em seguida, adoeceu, “culpando” a queda da imunidade. Ainda que seja intuitiva, essa correlação não deixa de ser verídica. No entanto, quem está por trás das falhas no sistema imune e, consequentemente, do aparecimento ou progressão de doenças, é a inflamação crônica. Para entender como isso ocorre, acompanhe este artigo.
O que é inflamação?
A inflamação considerada normal é uma reação de defesa do organismo, pois serve para eliminar patógenos (agentes agressores). É, também, um mecanismo de reparo, pois estimula os processos de recuperação.
Para isso, ela provoca uma cascata de eventos fisiológicos, os quais levam a sintomas conhecidos. Vermelhidão, febre, inchaço, dor e perda da funcionalidade são sinais perceptíveis de um quadro inflamatório. Internamente, promove a saída de líquidos e células do sangue para o interstício — uma rede de fluidos, existente sob a pele, que conecta diferentes partes do corpo.
Inflamação benéfica
Em situações normais, a inflamação é benéfica, pois limita o patógeno e recupera tecidos e órgãos. Isso, graças à participação de mediadores anti-inflamatórios, bem como de células especializadas (como os leucócitos), que atuam na manutenção da estabilidade imunológica.
Inflamação maléfica
Às vezes, o processo inflamatório se torna crônico (prolongado e sem regulação). Isso ocorre por conta de micro-organismos resistentes à eliminação ou toxinas, bem como respostas imunes a antígenos orgânicos ou ambientais.
Nesse caso, ela gera efeitos deletérios. Tudo porque os produtos liberados pelos leucócitos, além de combaterem os patógenos, também agridem os tecidos saudáveis. Se ativadas permanentemente, por conta da inflamação crônica, as células leucocitárias modificam a estrutura dos tecidos, levando ao adoecimento.
O que é inflamação crônica de baixo grau?
Uma inflamação pode ser aguda ou crônica. Para ser classificada como aguda, deve começar rápido e durar poucos dias.
Ela se torna crônica quando há persistência do seu agente causador ou em reações autoimunes. Nesse caso, demora para dar sinais, persistindo por meses ou anos.
E o mais importante é que podemos ter uma forma crônica de inflamação que acontece ao longo de muitos anos, em um grau baixo (à que chamamos de inflamação crônica de baixo grau), que acontece sem mesmo a notarmos, e esta é intimamente relacionada com o aparecimento de diversas doenças.
Uma das causas mais comuns para este tipo de inflamação crônica é a disbiose. A disbiose é um desequilíbrio entre a flora benéfica e a patogênica, que leva a um estado inflamatório intestinal, que se manifesta com sintomas sutis, como diarréia, constipação, excessiva formação de gases, inchaço abdominal, dor abdominal e cansaço crônico.
Outros estados como a obesidade, a pré-diabetes e a diabetes, o sedentarismo, o estresse crônico, a privação de sono também podem levar a um processo inflamatório de baixo grau por diversas vias biológicas distintas.
Qual é a relação entre o estresse e as inflamações?
O estresse psicológico crônico altera a capacidade do organismo regular as respostas inflamatórias, independentemente da idade. Em crianças, os fatores estressantes com tamanho potencial estão ligados, por exemplo, a abusos sexuais. Em adultos, relacionam-se ao trabalho, sono ruim e distúrbios emocionais.
Em situações de estresse prolongado, a eficácia do cortisol na regulação da resposta inflamatória diminui, e ainda induz a atrofia dos neurônios, levando à depressão, ansiedade e até a vários tipos de demências.
O que é importante entendermos é que o corpo não distingue se o estresse é um relacionamento abusivo ou é tigre correndo atrás de nós. Para o corpo, o estresse significa ameaça biológica: ou vamos lutar ou vamos fugir. Para isso, o corpo nos prepara para o combate, deixando-nos momentaneamente “ligados” por uma chuva de adrenalina e dispostos fisicamente: o coração acelera, a pressão arterial se elevada para irrigar nossos tecidos, e a reprodução e o funcionamento dos intestinos ficam em segundo plano.
Alguma semelhança com o nosso cotidiano?
Assim, pessoas submetidas a longos períodos de estresse são mais suscetíveis ao desenvolvimento de resfriados, têm mais constipação, ansiedade, depressão, irritabilidade, infertilidade, hipertensão arterial e até arritmias.
Quais são as doenças associadas à inflamação crônica?
Como dito, o estresse contínuo favorece o aparecimento de inflamações crônicas que, por sua vez, colaboram com o desenvolvimento de doenças. São exemplos: depressão, doenças do corração, diabetes, câncer, Alzheimer, esclerose múltipla, osteoartrite, artrite reumatoide, lúpus eritêmico sistêmico, psoríase, asma, etc.
No caso da depressão, por exemplo, há fortes indícios de que os elevados níveis de cortisol inibem a produção de uma molécula chamada BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro), levando a atrofia e morte neuronal, reduzindo a capacidade de pensar, criar, solucionar problemas, dormir na hora correta, redução de libido ( todos sintomas de depressão).
Além disso, dois genes ligados aos receptores de cortisol (que regula o funcionamento do sistema imunológico) se mostraram ineficientes em pessoas com problemas psiquiátricos.
Por outro lado, o estresse pode ser prevenido ou, pelo menos, melhorado, com mudanças no estilo de vida. A prática regular de exercícios físicos, meditação ou ioga, por exemplo, ajuda a lidar melhor com o problema. O segredo é encontrar a atividade que funciona melhor para cada pessoa.
Assim, o principal risco da falta de cuidado com as inflamações é permitir que se tornem crônicas. Porém, como nem sempre os sintomas se manifestam a tempo de intervir antes da manifestação de doenças, reduzir o estresse contínuo é um essencial para garantir que o sistema imunológico responda ao controle hormonal e, consequentemente, consiga combater inflamações e restaurar a saúde do organismo!
Agora que você entendeu a relação entre estresse e inflamação crônica, veja também como a saúde mental afeta a saúde física. E não esqueça de compartilhar os artigos em suas redes sociais, para que mais pessoas possam se informar e se cuidar!
Escrito por:
Dra. Andrea Baumgarten
CRM 19.466 | RQE 14.022
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